A Pampulha sempre se destaca como berço de grandes avanços científicos e referência em educação. Desta vez, está sendo estruturado, no Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG, um laboratório para produção de medicamentos feitos por terapia genética destinados ao tratamento de doenças raras, como a Síndrome de Dravet, um tipo de epilepsia grave, resistente a tratamento. Ainda sem cura, a síndrome é uma doença progressiva e incapacitante que gera sintomas como déficits cognitivos, problemas motores e características do autismo.
O Sistema Único de Saúde (SUS) ainda não conta com uma terapia específica para esse tipo de Síndrome de Dravet, a não ser um conjunto de medicamentos formulados para o tratamento de outras enfermidades, mas que vêm ajudando a combater a doença quando são usados de forma associada. Por isso, a expectativa é que o laboratório possa colaborar com a saúde pública brasileira no combate à síndrome, oferecendo tratamentos mais eficazes quando for concluído e colocado em atividade. “Além da produção de terapias que têm altos impactos para a saúde pública e para a sociedade, incluindo elevados custos para o SUS [atualmente, as terapias para doenças como a Síndrome de Dravet precisam ser importadas], a plataforma deve funcionar como celeiro para formação de recursos humanos nessa área específica”, detalha o subcoordenador do laboratório, Vinícius Toledo Ribas, professor do Departamento de Morfologia do ICB.
O projeto do laboratório propõe uma plataforma biotecnológica baseada no uso da tecnologia de CRISPR-Cas9, uma ferramenta de edição de genomas mais rápida e fácil de ser utilizada do que as ferramentas convencionais, e funcionará junto ao centro de produção de vetores virais para tecnologia de CRISPR-Cas9 do ICB.
Para que o laboratório seja viabilizado, o ICB contou com um financiamento de cerca de R$ 2 milhões, provido pela Finep Inovação e Pesquisa, empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Esses recursos vão subsidiar a montagem e a manutenção do laboratório e de suas pesquisas pelos próximos três anos, cobrindo despesas com bolsa de estudos e compra de equipamentos e insumos.